Entrevista

“O conhecimento tecnológico é a peça fundamental para o avanço socioeconômico”

Foto do Prof. Hélio Naves

Ele avalia que, para atenuar o déficit tecnológico, o Brasil precisa investir em estudos e pesquisas tecnológicas. Mas, afirma que essa situação não se reverte por si só. De acordo com Naves, a área da tecnologia, ainda muito forte, condiciona seu crescimento à visão do que é crescer com sustentabilidade. “Isso só se reverterá com programas de qualificação e valorização dos profissionais inovadores. Precisamos de investimentos sérios que tenham a visão de que o desenvolvimento sustenta a produção e não o contrário”. Confira a seguir trechos da entrevista em que o Diretor Administrativo e Financeiro da FUNTEC fala sobre o impacto da inovação em Goiás e os planos e resultados alcançados pela Fundação.A melhoria da vida das pessoas deve ser o objetivo final no progresso de uma sociedade acredita o e-x Presidente da Fundação de Desenvolvimento de Tecnópolis - FUNTEC, Prof. Hélio Naves, que defende um olhar diferenciado para a educação e inovação. “O conhecimento tecnológico é a peça fundamental para isso e estamos colocando-o em risco achando que o que dominamos será suficiente para nos trazer segurança comercial. Já não o é”.

 

A FUNTEC colaborou para a criação da Rede Goiana de Inovação e Rede Goiana de Design, qual a importância destas duas instituições para o Estado?

Prof. Hélio Naves - Essas duas instituições têm como objetivo essencial promover o desenvolvimento de novas ideias e projetos inovadores. Para isso, oferece suporte aos empreendedores, proporcionando condições especiais para que novos produtos, processos e serviços sejam criados.

 

Quais foram às principais conquistas da FUNTEC? 

Prof. Hélio Naves - Entre as nossas conquistas destacamos a criação da Rede Goiana de Inovação (RGI), instituição que orienta e promove o surgimento de novas incubadoras e auxilia as incubadoras já existentes no Estado de Goiás e a criação da Rede Goiana de Design, que também é uma associação que orienta os empresários da área de moda, calçados de móveis e artesanato para utilizarem o design como estratégia de negócio, venda e qualificação dos produtos. Também colaboramos na criação da Rede Goiana de Resíduos Sólidos, que nasceu de um convênio com a Universidade de Rio Verde (Fesurv), cujo foco é transformar dejetos sólidos de aves e suínos em adubo com valor agregado, bem como incentivar a realização de outras pesquisas na área do agronegócio. Além destas três redes criadas, a FUNTEC apoia a criação de parques tecnológicos, estudos e projetos inovadores. Tudo depende da qualidade dos projetos apresentados.

 

A Universidade Federal de Goiás está trabalhando pela implantação de um parque tecnológico. A FUNTEC está participando desse projeto? 

Prof. Hélio Naves - Sim. O plano de trabalho da FUNTEC prevê o apoio à criação de parques tecnológicos. Considerando que a UFG foi a primeira instituição a começar a construção de um Parque Tecnológico em Goiás, tem um bom espaço, tem a melhor incubadora de empresas do Estado e excelentes pesquisadores, não há porque não apoiar.


Qual a importância deste projeto para Goiás?

Prof. Hélio Naves - O projeto de criação do parque tecnológico trará desenvolvimento e suporte para o crescimento regional e tecnológico que Goiás precisa para alavancar os inúmeros projetos que hoje ainda não dispõem de estruturas iguais as que estão sendo oferecidas em outros estados, os quais são fortíssimos em densidade tecnológica e competitividade. Além disso, o parque tem peculiaridades importantes, pois agregam empresas e universidade num mesmo espaço. Um processo que facilita o desenvolvimento de bons projetos, já que os empresários e pesquisadores concentrados num mesmo ambiente conseguem resultados mais rápidos e mais competitivos.

 

Que contribuições o avanço dos projetos de ciência e inovação tecnológica pode trazer para Goiás? 

Prof. Hélio Naves - O desenvolvimento só tem sentido se melhorar as condições de vida das pessoas. Assim, os projetos devem apresentar soluções para os problemas existentes e para os que poderão surgir. Há especialistas que afirmam que se mede o nível de evolução de um país ou região pelo nível de qualidade de vida e educação das pessoas, daí a importância de se utilizar da ciência, tecnologia e inovação em prol do crescimento regional.

 

Goiás está defasado no quesito ciência e tecnologia se compararmos a outros estados do País? 

Prof. Hélio Naves - Sim, embora seja a 9ª economia do País, Goiás ainda está começando a entender a necessidade de efetuar investimentos em inovação. Prova disso é o lançamento do edital de apoio a micro e pequenas empresas (Pappe – Integração), pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), vinculada à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (SECTEC). De acordo com o estudo da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (PROTEC), o déficit tecnológico brasileiro cresceu 27,6% no primeiro trimestre, atingindo R$ 23 milhões, com previsões de aumento. Temos comprado cada vez mais soluções tecnológicas de outros países. Para atenuar o déficit tecnológico, o Brasil precisa investir em estudos e pesquisas tecnológicas. Mas, essa situação não se reverte por si só. Essa área da tecnologia, ainda muito forte, condiciona seu crescimento à visão do que é crescer com sustentabilidade. O conhecimento tecnológico é a peça fundamental para isso e estamos colocando-o em risco achando que o que dominamos será suficiente para nos trazer segurança comercial. Já não o é. Isso só se reverterá com programas de qualificação e valorização dos profissionais inovadores, pois há muito exportamos esses profissionais para o sucesso em outros países. Precisamos de investimentos sérios que tenham a visão de que o desenvolvimento sustenta a produção e não o contrário.

 

Em sua opinião, o que a FUNTEC e o Estado precisam fazer para evoluírem mais em ciência e tecnologia? 

Prof. Hélio Naves - Primeiro motivar o empresário. Em segundo lugar, qualificar e ajudar o empresário a elaborar e executar bons projetos e, em terceiro, consolidar parcerias. Além disso, o governo deveria também priorizar as atividades voltadas para a inovação e disponibilizar recursos para o desenvolvimento dessas ações.

 

Quem são os atores determinantes no incentivo à evolução em ciência e tecnologia?

Prof. Hélio Naves - Como aconteceu em países como a Coréia, a situação de emergência só se reverteu com a atuação forte e estratégica do Estado. Boa educação de 1° e 2° graus a todos os brasileiros. Hoje, se observarmos os Estados brasileiros que estão mais evoluídos tanto em ciência quanto em tecnologia, vamos perceber que são os que investem fortemente nessas áreas. O que se constata é que sem a participação da sociedade não se pode criar uma cultura de des(envolvimento). Essa cultura, entretanto, só consegue com investimento efetivo na educação. Assim, podemos dizer que só há desenvolvimento com envolvimento.

 

Quais são os planos da FUNTEC para o futuro?

Prof. Hélio Naves - Continuar promovendo, incentivando, motivando, fomentando e coordenando projetos voltados para a inovação e para o desenvolvimento regional. Vamos também agregar parceiros estratégicos; buscar novas fontes de recursos, pessoas empreendedoras e aperfeiçoar a estratégia de atuação e investimentos.

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